terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Fui virada do avesso e me encontrei!


Nunca achei que fosse boa para maternidade, não gostava muito de crianças, não me interessava muito por elas, mesmo com vários sobrinhos, não participei do desenvolvimento deles, foram poucas as vezes que fizemos alguma coisa juntos.
Acreditava que, se tivesse filhos algum dia, nunca largaria o emprego para ficar com eles, acreditava que me veria louca o dia todo dentro de casa e com uma criança. E, mais, achava que o certo era deixar chorando para não ficarem mimados (que pensamento cruel e absurdo!), que não podia dar colo demais ou balançar muito, porque se não a criança fica mal acostumada e depois é difícil de “tirar”. Então, em um belo dia, me vi grávida, no início me assustei e depois me entreguei, foram acontecendo várias coisas que me fizeram repensar a maternidade, a minha história de vida e meu coração.
Começando do princípio:

PARTO

Sabia que queria o parto normal, mas não me preocupava se fosse ter intervenções, então comecei a ler e me preparar, comecei a entender a importância deste evento, melhorei minha alimentação e comecei a fazer Yoga, pois queria tudo muito saudável para o meu bebê, com o passar dos dias, semanas e meses, comecei a perceber o quanto queria que esse dia fosse memorável, sem intervenções, por isso, busquei o parto normal humanizado, queria que eu e ela fôssemos respeitadas e assim foi, um parto dolorido, mas cheio de amor.
A emoção de tê-la em meus braços!

AMAMENTAÇÃO

O início foi muito difícil, mas não desisti, apesar de ter comprado várias mamadeiras (que até hoje tento entender o porquê desta atitude (?)), tinha certeza que amamentaria, mesmo algumas pessoas dizendo que eu "não tinha leite”, “que meu bebê estava com fome” e “que, às vezes, algumas mulheres realmente não conseguem"... Mas, eu não desisti, persisti e consegui amamentar exclusivamente até os seis meses de idade da minha filha, apesar de ouvir que deveria dar chá para cólica e chupeta para acalmar, decidi que não queria, simplesmente  amamentaria sem artifícios e, assim, continuarei a amamentar até o desmame natural, quando ela estiver pronta.
Peito, peito, muitoooo peito!


COLO

Eu pensava que colo era um problema, mas, descobri que colo é a solução, precisava dar colo para minha filha poder sentir segurança, dar colo e ser atendida em suas necessidades faria dela mais independente e assim foram três meses de colo direto, ela não topava nada, não ficava no carrinho, não ficava no sofá, não ficava no bebê conforto, era só colo, colo e colo... Então, eu me entreguei, permiti que ela tivesse esse aconchego, mesmo todos a minha volta dizendo que ela ficaria mal acostumada, que ela não ia querer ir com ninguém e blá, blá... Enfim, a grande necessidade de colo passou e ela vai muito bem, obrigada!


Colo!



Colo!



Colo!


Colo!


Colo!


Colo!


Foi muitoooooo COLO!
INTRODUÇÃO ALIMENTAR

Fiz uma introdução muito tranquila, sem pressa, afinal de contas ela ainda “mama” no peito, portanto, o alimento seria um complemento, para ela conhecer esse universo da alimentação. A introdução alimentar aconteceu só com seis meses e meio, sempre respeitando o tempo dela e não forçando se alimentar quando não queria e o resultado: hoje, aos nove meses, ela come muito bem, não come de tudo, porque eu não dou de tudo e acredito que é papel da mãe preservar seu bebê das “porcarias”. Ah, as “porcarias”, aí vem toda aquela questão "você não vai dar doce? Ela não terá infância!", mas uma coisa eu pergunto: se não faz bem para um adulto, imagina o que fará para um bebê que está com o seu sistema digestivo em  desenvolvimento? Não preciso nem responder, então, enquanto eu puder, preservarei minha filha.
Respeito é a definição para  IA!

SONO E CAMA COMPARTILHADA

Na minha cabeça, bebê dormia do berço... Que nada, bebê dorme na cama, junto com os pais, primeiro, porque existem estudos que apontam que a cama compartilhada, quando feita com segurança, diminui o risco de morte súbita. Segundo, porque é muito desgastante levantar da cama, pegar o bebê, amamentar, colocar o bebê no berço e voltar a dormir. Depois da cama compartilhada, comecei a dormir muito melhor. Às vezes, passava horas em pé ninando e cantando para minha filha dormir, entendi o quanto era cruel deixar chorando, não dar um suporte afetivo, poxa vida, é um bebê, ele não entende o que está acontecendo, só quer segurança e não há lugar mais seguro que o colo de sua mãe, o cheiro, a voz, o calor, tudo isso trás segurança pra ele enfrentar esse mundão novo que ele está vivendo.
Cama Compartilhada do começo...


...Até hoje!

ELETRÔNICOS

Não acredito que eletrônicos (TV, celular, tablet ou computador) foram feitos para crianças, muito menos para os bebês, não deixo a minha filha uma manhã toda assistindo TV e me irrita muito quando colocam ela na frente da TV, chamando a atenção para olhar e não pretendo deixar ela jogar em computador ou celular, acho que ela tem muitas outras atividades que vão ajudar no seu desenvolvimento do que essa tecnologias. Quero que ela seja criança, corra, pule, escale o sofá, faça cabana na sala, explore o lado de fora da casa, etc. Daí, falam “mas a tecnologia está aí para auxiliar”, sim, com certeza, auxiliar o adulto e não a criança, ela terá muito tempo para mexer quando for adulta, por enquanto vou preservar a infância dela e o direito de ser criança. É comum escutar muitos pais dizendo que querem dar aos filhos tudo o que não tiveram na sua infância, eu já penso o contrário, eu quero dar tudo que eu tive na minha infância, pois quero que ela brinque de pega-pega, tome banho de chuva, suba em árvores, se suje de lama, desça em um barranco sentada no papelão, coma formiga “porque faz bem para os olhos”, ande de bicicleta sem capacete,  cotoveleira, tornozeleira e sem estar enrolada em um plástico bolha, quero que ela caia, se machuque, rale o joelho e o cotovelo, faça um galo “que cante de manhã”, pois eu estarei lá para assoprar o machucado e dizer “quando casar, sara”, quero apoiá-la e ampará-la sempre que precisar.


CRIAÇÃO COM APEGO E MÉTODO MONTESSORI

Descobri que criar com apego é muito mais gostoso, dá mais trabalho, pois você precisa dar mais atenção à criança, atender e entender as necessidades dela, mas não tem coisa mais gostosa quando você percebe o quanto o seu filho está ficando independente, o quanto ele demonstra que já quer ser auto-suficiente, que quer tentar sozinho, porque ele se sente seguro, ele sabe que você está ali do lado para ampara-lo, que todo o suporte e apoio ele tem, então ele segue tentando e descobrindo. Existe uma contradição muito forte entre apego X dependência, uma coisa não tem nada a ver com a outra, quanto mais segurança você der para seu filho, mais livre ele se sentirá para explorar, porque ele reconhece e sente todo esse apoio. O método montessori, foi uma linda descoberta, quero que minha filha tenha boas experiências e o método oferece esta condição, pois você pode dar liberdade para ela explorar, criar, imaginar, etc. Consiste na preparação da casa para que ela possa brincar, permitir ela brincar com o que quer, sem ficar direcionando a atenção dela. Este método só tem trazido coisas boas, com a barra de ferro, ela começou a firmar mais as pernas para andar, com os brinquedos acessíveis e visíveis tem permitido ela brincar com mais coisas, por mais tempo e tem me trazido principalmente uma consciência menos consumista, mostrando que menos é mais, que a criança não precisa de um quarto abarrotado de brinquedos, meia dúzia ou, às vezes, um pedaço de papel é tudo para virar diversão.
Slingando!


Barra de apoio, para auxiliar no caminhar do bebê!



Liberdade para explorar e brincar!


Tenho me descoberto cada vez mais na minha “maternagem”, e percebido o quanto sou capaz e o quanto vejo a importância de criar um filho com amor e consciência, não tenho receita de bolo, não sei se estou fazendo certo, mas estou seguindo o meu coração, meu instinto e minha intuição de mãe, que acredito ser muito maior do que qualquer método, fórmula ou passos.


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